O chamado da Água

Em um mundo onde milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável e saneamento, apesar de serem serviços reconhecidos como direitos humanos básicos, entre os dias 22 a 24 de março ocorreu em Nova York a Conferência da ONU sobre a Água 2023. A Conferência teve como principal objetivo a formação da agenda de Ação pela Água em que Estados e atores da sociedade civil firmaram compromissos e ações concretas.

Em torno de 6.500 pessoas estavam credenciadas e participaram das 650 sessões plenárias que contaram com a presença de chefes de Estados, empresários, acadêmicos, e representantes de organizações da sociedade civil.

Carlos Magno, integrante da Mesa de governança da Plataforma Semiáridos, e Araceli Clavijo, estiveram na Conferência representando as organizações que integram a Plataforma.

“Em meio a uma crise global da água sem precedentes, após 46 anos sem acontecer [uma conferência], a última foi realizada em 1977, em Mar del Plata, Argentina, as Nações Unidas decidem fazer novamente essa convocatória para montar uma agenda de ação hídrica que reúna compromisso dos países. Se colocou muita ênfase em que essa seja a Conferência da Água das organizações da sociedade civil. Se destacou a participação de jovens pesquisadores, das mulheres, de mulheres camponesas para buscar respostas para a crise da água em tempos em que o ciclo da água está quebrado”, contou Clavijo.

Na sessão de inauguração, o secretário das Nações Unidas, António Guterres, disse: “É um momento crucial para que os governos nacionais, as autoridades locais e regionais; as empresas, os cientistas, a juventude, as organizações da sociedade civil e as comunidades unam suas forças para que se desenhem conjuntamente soluções destinadas à obtenção de água limpa e saneamento para todos, e invistam nelas”, destacou.

“Gota a gota, este precioso recurso vital está sendo envenenado pela contaminação e absorvido por uma superexploração insaciável, e se prevê que a demanda de água supere a oferta em 40% até o final da década”, destacou.

Declaração dos Semiáridos

Durante o evento, Carlos Magno deu a conhecer a postura das organizações e atores que vivem nas regiões semiáridas da América Latina: “A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Plataforma Semiáridos da América Latina (PS) declaram a importância fundamental de uma aliança entre os Estados e a sociedade civil em todo o mundo para garantir acesso à água como bem comum, de gestão e direito de todos e todas. Uma aliança para o cuidado das fontes de água potável, que possibilite o aumento progressivo de água disponível para as pessoas. Neste sentido, gostaríamos de olhar para as chuvas como uma fonte importante deste bem e aumentar exponencialmente a capacidade de armazenamento de água da chuva.

Nas áreas rurais das regiões semiáridas do mundo, a experiência de trabalho conjunto entre o Estado e a sociedade civil conseguiu aumentar o potencial de armazenamento de água da chuva em mais de 40 milhões de m3 através de tecnologias sociais que envolvem a população em seu processo de implementação, fazendo que cada ser humano seja parte do processo de adaptação às mudanças climáticas”, destacou.

Nos diálogos paralelos se destacou a necessidade de fomentar a inovação e experimentação em matéria de água, saneamento e higiene onde haja trabalho articulado entre governos,  sociedade civil e setor privado no intuito de desenvolver novas soluções.